HÉRNIA
Hérnia é a protusão, ou seja, o escape parcial ou total de um ou mais órgãos por um orifício que se abriu, por má formação ou enfraquecimento, nas camadas de tecido protetoras dos órgãos internos do abdome.
Quando as hérnias são pequenas podem não apresentar sinais externos além do inchaço na área por ela afetada. No entanto, se a abertura no tecido muscular e a protusão aumentarem, a dor pode ser contínua ou intermitente e sua tendência é agravar-se com atividades que pressionem a parte inferior do abdome, como esforço para evacuar, tossir, levantar peso ou, ainda, se a pessoa permanecer em pé por período prolongado.
A correção cirúrgica das hérnias é uma das operações mais realizadas em todo o mundo e pode ser feita de duas maneiras, a cirurgia aberta e a cirurgia laparoscópica. A cirurgia aberta é realizada sob anestesia locoregional (bloqueio anestésico na espinha) e a cirurgia laparoscópica é realizada sob anestesia geral, porém normalmente produz menos dor pós-operatória.
Trata-se de uma cirurgia de médio porte, com baixíssimos índices de complicações pós-cirúrgicas.
Logo após a operação, o paciente retorna ao seu quarto, recebendo medicação analgésica e com total controle da dor. Poucas horas depois, ele deve se sentar e levantar do leito, podendo ir ao banheiro, por exemplo. No mesmo dia, ou no dia seguinte, receberá alta do hospital com todas as informações necessárias.
O paciente não deverá realizar atividades que exijam esforço físico nos primeiros 7-10 dias de pós-operatório, como dirigir automóveis, carregar peso acima de 5 kg ou praticar esportes. O objetivo destes cuidados é dar tempo para que as diversas camadas cicatrizem adequadamente e a tela possa se aderir firmemente a elas, diminuindo o risco de retorno da hérnia.
Existem alguns tipos de hérnias, e entre as mais frequentes estão:
HÉRNIA UMBILICAL
Hérnia umbilical é uma formação de saliência externa (protrusão) do revestimento abdominal ou parte do(s)órgão(s) abdominal(is) pela área ao redor do umbigo.
A maioria das hérnias umbilicais não é relacionada a doenças. Entretanto, hérnias umbilicais podem ser associadas a condições raras, tais como doenças de armazenamento de mucopolissacarídeos, Síndrome de Beckwith-Wiedemann, e síndrome de Down.
O médico pode encontrar a hérnia durante um exame físico.
Hérnias umbilicais são comuns em bebês e ocorrem quando o músculo pelo qual os vasos sanguíneos passam para alimentar o feto em desenvolvimento não se fecha completamente.
Consulte seu médico ou vá para o pronto-socorro se a criança estiver muito inquieta ou parecer ter dor abdominal, ou se a hérnia se tornar sensível, inchada ou descolorida.
Normalmente, não é necessário tratamento, a menos que a hérnia continue após a idade de 3 ou 4. Em casos muito raros, o intestino ou outro tecido pode ser empurrado para fora e perder sua fonte de sangue (ficar estrangulado). Isso é uma emergência que necessita cirurgia.
A maioria das hérnias umbilicais melhora sem tratamento quando a criança atinge a idade de 3 a 4 anos. Aquelas que não fecharem podem precisar de cirurgia. As hérnias umbilicais geralmente são indolores.
HÉRNIA INGUINAL
A hérnia inguinal é a mais comum, correspondendo por até 70% dos casos. É uma protusão de parte do intestino através da parede abdominal na região inguinal, que é conhecida popularmente como região da virilha. Na hérnia inguinal, a porção herniada do intestino dirige-se em direção à pele, o que pode ser notado como uma saliência na região da virilha ou no saco escrotal.
A hérnia inguinal pode ser congênita, ou seja, tem origem de nascença devido a uma má formação, ou pode ser adquirida durante a vida, geralmente por uma fraqueza na musculatura do abdômen.
Existem dois tipos de hérnia inguinal, a direta e a indireta. A diferenciação do tipo de hérnia inguinal, direta ou indireta, não tem importância no momento da consulta porque o tratamento é semelhante para os dois tipos.
As hérnias inguinais diretas são as decorrentes da fraqueza da parede do canal inguinal, e são mais comuns em pessoas mais velhas e que se submetem a um grande esforço abdominal (prática de esporte, tosse crônica, obstipação, obesidade).
As hérnias inguinais indiretas ocorrem devido a uma falha congênita da região inguinal, e por isso são mais comuns em crianças e jovens adultos.
HÉRNIA FEMORAL
A hérnia femoral é uma saliência localizada perto da virilha e da coxa que ocorre quando uma pequena parte do intestino empurra a parede do canal femoral. O canal femoral abriga a artéria femoral, veias pequenas e nervos e localiza-se logo abaixo do ligamento inguinal na virilha.
As mulheres têm probabilidade três vezes maior do que os homens de desenvolver hérnia femoral.
A causa exata da hérnia femoral, assim como de outras hérnias, é desconhecida na maior parte dos casos. A pessoa pode nascer com uma área enfraquecida no canal femoral, ou a área pode ficar frágil com o passar do tempo.
O esforço pode contribuir para o enfraquecimento das paredes do músculo. Os fatores que podem levar à sobrecarga incluem:
- Parto
- Prisão de ventre
- Levantar peso
- Sobrepeso
- Micção difícil devido à próstata aumentada
- Tosse crônica
Em alguns casos, a pessoa pode não perceber que tem hérnia femoral. As hérnias de tamanho pequeno a moderado normalmente não causam nenhum sintoma. Em muitos casos, a pessoa sequer nota a saliência das hérnias femorais pequenas.
As hérnias grandes podem ser mais visíveis e causar algum desconforto. A protuberância pode ser visível na região da virilha perto da coxa. A saliência pode piorar/aumentar, causando dor ao levantar-se, levantar objetos pesados ou ao estiramento/esforço por qualquer motivo. A dor no quadril também pode ser um sintoma de hérnia femoral, devido à sua localização.
Os sintomas graves podem indicar que uma hérnia femoral está obstruindo o intestino. Nesse caso, o fluxo de sangue para o intestino pode ser cortado, causando um problema muito grave chamado estrangulamento. O estrangulamento provoca morte do tecido intestinal, acarretando risco de vida. Os sintomas da hérnia podem incluir dor de estômago, náuseas e vômitos. Se a pessoa tiver esses sintomas, deve procurar atendimento médico imediato. O tratamento de emergência pode corrigir a hérnia e salvar a vida do paciente.
As hérnias femorais pequenas e assintomáticas podem não exigir tratamento específico. O médico pode monitorar o estado do paciente até que os sintomas progridam. As hérnias femorais de tamanho médio a grande requerem reparo cirúrgico, em especial se estiverem causando dor.
A correção cirúrgica da hérnia é realizada sob anestesia geral. Isso significa que a pessoa estará dormindo durante o procedimento e não sentirá dor. A correção de hérnia femoral pode ser realizada tanto com cirurgia quanto com laparoscopia. Um procedimento aberto requer incisão (corte) maior e um período de recuperação mais longo. A cirurgia laparoscópica usa 3 a 4 incisões pequenas, o que reduz a perda de sangue. A cirurgia laparoscópica envolve cicatrizes menores e menos dor do que a cirurgia aberta, bem como menor tempo para a cicatrização.
HÉRNIA INCISIONAL
A hérnia incisional surge em cerca de 11% dos casos em que ocorreu cirurgia abdominal, podendo levar 15% dos pacientes ao encarceramento e 2% ao estrangulamento e causando comprometimento estético. Nem sempre a hérnia incisional é acompanhada de dor.
Ela ocorre em decorrência de fraqueza na parede abdominal anterior em virtude de aumento na pressão intra-abdominal, de defeitos na linha média ou de incisões prévias. Além disso, também contribuem para aumento da pressão abdominal o sobrepeso, a obesidade e o tabagismo.
Embaixo da pele começa a despontar uma saliência, um abaulamento da parede abdominal que se torna mais visível quando a pessoa tosse, levanta peso ou faz força de modo intenso ou repetitivo.
A sensação de desconforto e dor aparece quando o paciente realiza movimentos que exigem força abdominal e o tamanho da hérnia vai se destacando com o passar do tempo.
Para diagnosticar o problema, um exame da região abdominal pelo médico é suficiente. Entretanto, em alguns casos, é necessário recorrer à ultrassonografia, tomografia, dentre outros testes de imagem.
A cirurgia, conhecida como herniorrafia, que corrija o problema pode ser realizada, mas não sem implicações perigosas. O material utilizado neste procedimento (tela) é caro, a internação do paciente é prolongada com pós-operatório bastante dolorido em decorrência do descolamento durante a cirurgia, sem falar na possibilidade de ser necessário drenar o tecido subcutâneo, de desenvolver dispneia ou do paciente ser acometido por trombose venosa – afinal, o tempo de restrição no leito não é pequeno. Caso o procedimento seja feito por videolaparoscopia, as vantagens são várias, como a rápida recuperação, internação reduzida, baixo risco de infecção, pouca dor, cicatriz mínima e retomada rápida ao trabalho. Já no método tradicional, as complicações mais comuns são surgimento de infecções, hematoma, retenção urinária e risco anestésico.